Placentite em éguas: prevenção, diagnóstico e tratamento

A placentite em éguas é o quadro de enfermidade relacionado a uma inflamação da placenta. O órgão responsável pela “troca” metabólica realizada entre mãe e feto, dentre outras funções. Essa enfermidade está relacionada a cerca de 25% das perdas em gestação. Como, por exemplo, casos de abortos, natimortos ou partos prematuros.

A prenhez das éguas geralmente é motivo de alegria e satisfação para produtores dentro de um haras. Mas, também, de preocupação por conta das possíveis infecções e enfermidades que podem ocorrer neste período. Sendo, abortos ou nascimentos prematuros ocasionados em éguas, muito comuns nesses casos e prejudicado um manejo eficiente nos equinos.

É importante destacar que a placenta tem como objetivo promover o equilíbrio metabólico e o fornecimento de nutrientes. Continue lendo o artigo até o final e saiba mais sobre esse tema tão importante!

Causas da placentite em éguas 

Para entender as causas da placentite em éguas, é importante, primeiramente, conhecer um pouco sobre a fisiologia da placenta dessas fêmeas. Sendo assim, a placenta desses animais recebe a classificação de difusa, epitélio corial e adeciduada. Seus pontos de fixação são descritos como sendo por meio de micro cotilédones do alantocórion, difusos no endométrio. Ainda pensando na estrutura da placenta, pesquisadores da veterinária apontam a região da estrela cervical como o principal alvo das placentites. 

Presente em aproximadamente 30% das perdas gestacionais, a placentite em éguas pode ter causas variadas, como:

  • Infecções causadas por traumas na região;
  • Irritações; 
  • Problemas crônicos em outros órgãos próximos;
  • Infecções causadas por bactérias ou outros microrganismos.

Levando em conta o último tópico, além das bactérias, a placentite pode ser desencadeada por fungos, vírus e protozoários. Dentre esses, os microrganismos mais comuns causadores desta inflamação, são:

  • Streptococcus zooepidemicus;
  • E. coli;
  • Klebsiela;
  • Pseudomonas; 
  • Aspergillus;
  • Mucor;
  • Hystoplasma;
  • Cryptococus;
  • Candida.

Essa enfermidade promove uma série de reações, comprometendo o feto, geralmente por asfixia e infecções.

Tipos de placentite em éguas

A placentite em éguas pode ser patologicamente classificada em três categorias, separadas pela maneira como a inflamação se manifesta na fêmea. Sendo assim, a enfermidade pode ser definida como:

  • Placentite ascendente: muito comum nesses animais, essa inflamação é caracterizada pela entrada da patologia no útero pela região da cérvix. Estes casos têm origem de infecções na porção caudal da vagina da égua que se alastra cranialmente até envolver a membrana corioalantóide;
  • Placentite difusa ou multifocal: menos comum em éguas, essa versão da doença tem relação com a disseminação hematógena de microorganismos dentro do útero;
  • Placentite focal: tem relação com a placentite micótica, relacionada à inflamação causada por fungos. 

Ainda considerando classificação das placentites, algumas observações são válidas. Quando consideramos a placentite difusa, é possível fazer uma correlação com abortos que ocorrem no começo da gestação. Enquanto abortos que ocorrem no período gestacional final são relacionados à placentite do tipo ascendente. Além disso, sabe-se que, de modo geral, as inflamações ascendentes estão relacionadas, na maioria dos casos, a infecções bacterianas.

Com base nessas informações, fica um pouco mais explícita a importância de conhecer os tipos e classificações da placentite, bem como seus causadores. É com base nesses dados que o diagnóstico se torna mais preciso, bem como o tratamento e a prevenção mais eficaz.

BÔNUS: Outros exemplos de fatores que podem causar o aborto

Vale ressaltar que, mesmo sendo uma causa comum e abortos e complicações, a plcentite me éguas não é a única causa desses problemas nos equinos. Como abortos podem comprometer a saúde reprodutiva das fêmeas, separamos uma lista bônus com diversos outros fatores que podem ser cauadores do interrompimento da gestação. São eles:

  • Como gestação gemelar (uma das causas mais comuns);
  • Anomalias no cordão umbilical;
  • Conformação anormal do potro; 
  • Má-conformação vulvar; 
  • Distúrbios hormonais; 
  • Alterações circulatórias graves;
  • Predisposição hereditária; 
  • Desequilíbrios metabólicos; 
  • Problemas nutricionais; 
  • Enfermidades que produzem toxemias;
  • Problemas ambientais; 
  • Alimentos tóxicos ou estragados; 
  • Drogas anti-inflamatórias corticosteróides;
  • Medicamentos que contraem a musculatura lisa;
  • Antiprostaglandínicos ministrados no terço final da gestação;
  • Vermífugos ministrados em animais fracos no terço inicial e final da gestação.

Sinais clínicos da placentite em éguas

Na placentite em éguas, os sinais clínicos mais comuns apresentados pelas éguas portadoras desta afecção são:  

  • Desenvolvimento prematuro do úbere; 
  • Relaxamento cervical; 
  • Corrimento vaginal;
  • Mamas acentuadas;
  • Lactação precoce.

Sendo que é possível que nenhum sinal seja evidente apresentado, o que dificulta qualquer tratamento em tempo hábil. Vale ainda ressaltar que há relatos na literatura de abortos relacionados à placentite, sem que a fêmea tivesse manifestado qualquer sintoma mais comum da infecção.

Portanto, fica evidente como o acompanhamento veterinário durante a gestação das éguas é importante. Essa ideia é reforçada, principalmente, já que conhecimento, experiência e prática são fundamentais para identificar e tratar o problema.

Como diagnosticar e evitar esse problema?

Como relatamos, os sinais clínicos muitas vezes não são visíveis. Por isso, é muito importante que todos os animais em período gestacional sejam submetidos a exames periódicos de diagnóstico por imagem com o auxílio do ultrassom veterinário, além de exames clínicos de rotina 

A ultrassonografia transabdominal ou transretal é essencial para detectar possíveis anormalidades no feto, inflamações ou o comprometimento das funções placentárias e as condições de saúde da mãe. É importante lembrar que muitas dessas alterações são sutis e de difícil visualização.

Com o aparelho de ultrassonografia, o profissional poderá verificar com exatidão a situação do feto e das condições de gestação da égua bem como a idade gestacional. Dessa forma, será  possível descobrir precocemente o problema, e, assim, medicar o animal a tempo, evitando perdas na criação.

Tratamento da placentite em éguas

O tratamento da placentite em éguas é dirigido a vários fatores, incluindo o combate à infecção, a redução da inflamação e o controle da atividade miometrial. Éguas com alterações no exame ultrassonográfico ou que apresentem sinais clínicos compatíveis com placentite. Ao identificar essas características, deve-se iniciar o tratamento o quanto antes com antibióticos de amplo espectro, anti-inflamatórios e tocolíticos. 

A ultrassonografia, juntamente com a palpação transretal são técnicas cada vez mais utilizadas no mercado. Elas têm o intuito de diagnosticar as patologias reprodutivas e acompanhar o desenvolvimento da gestação equina. 

Portanto, é crucial, que o profissional responsável por tais exames tenha amplos conhecimentos sobre a anatomia do útero e região. Além de operacionalização dos exames por imagem com segurança.

Você, médico veterinário não perca tempo e amplie seu conhecimento sobre o assunto. Confira uma dica ideal  para aprender na prática como realizar diagnósticos rápidos e precisos de forma segura e eficiente e garantir o seu sucesso. Clique aqui e confira.

Fontes: Nucleus Animalium, SHOP Veterinário e Portal Agropecuário